domingo, 31 de maio de 2015

Prevenção de DSTs e uso de álcool

O que tem a ver?



 Fonte: Google Images


A resposta para esse questionamento é: muita coisa! 

Discutimos até agora as duas formas de prevenção de eficácia comprovada de que dispomos até o momento: uso de preservativos e imunização mediante vacinação. Entretanto, só existem hoje algumas poucas DST's para as quais temos vacinas. E para todas elas, a forma mais eficiente de prevenção é o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Isso ou a abstinência sexual, que é uma medida (convenhamos) pouco eficaz.

E é dentro do uso de preservativos, principalmente que temos um grande prejuízo causado pelo consumo de álcool.


Consumo de álcool aumenta o risco de DST's


Segundo estudo publicado na revista "The Lancet" e apresentado na 18ª Conferência Internacional Aids 2010, o consumo de bebidas alcoolicas seria o principal fator de risco para a prática do sexo sem proteção. Nesse estudo foram entrevistadas pessoas com idades entre 15 e 64 anos. Cerca de 24 % desses já praticaram relações sexuais sem o uso de preservativo sob o efeito de álcool. 

Na ocasião, o então diretor adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, afirmou que  "o álcool aumenta a vulnerabilidade, principalmente entre os jovens. A pessoa sob efeito de bebidas alcoólica ou drogas têm uma diminuição da consciência e acaba sendo levada pela emoção, pelo momento.".


Fonte: Google Images

Outras pesquisas mostram que o consumo dessa droga lícita é frequentemente associado a trocas frequentes de parceiros sexuais, assim como o maior número desses, sexo por dinheiro, prática de sexo em grupo, além de sexo sem preservativo (anal, oral e/ou vaginal) seja com parceiros fixos u casuais, bem como sexo não-desejado (hoje caracterizado como estupro pela nossa legislação). Todos esses comportamentos elevam o risco de contrair DST/Aids, fazendo com que pessoas que consumam bebidas alcóolicas tenham até o dobro de chance de contraí-las do que pessoas que nunca consumiram essa substância.

Vale salientar ainda que, embora não hava diferença da atuação do álcool no organismo de indivíduos infectados ou não pelo HIV - nem no desenvolvimento da Aids - estes apresentam duas complicações A primeira é o aumento do potencial de transmissão da infecção pela mudança comportamental anteriormente comentada. A outra é a interação que o álcool apresenta com os medicamentos antirretrovirais, que aumenta os níveis séricos e a toxicidade dos mesmos.

Associação do uso nocivo do álcool com e infecção com HIV

Fonte: (MALBERGIER; CARDOSO, 2009)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) ratifica a informação de que o uso de álcool aumenta a frequencia e chance de comportamentos que aumentam o risco de contrair DST e/ou infectar-se com o HIV. 

Dados Epidemiológicos


Segundo dados da OMS, a incidência das DST somada é de cerca de 1 milhão de pessoas por dia. Estima-se ainda que a prevalência é de cerca de 500 milhões de pessoas das quais 126 milhões estão nas Américas (e desses, 1,6 milhão é portador de HIV).

O consumo de álcool (puro, para cálculo mais preciso) por pessoa no mundo foi estimado em 21,2 litros no caso de homens e 8,9 litros para as mulheres. Associado à cultura predominantemente machista em todo o mundo, que determina a escolha do uso do preservativo pelo homem, podemos facilmente deduzir a conjunção desses fatores de risco na transmissão e na contaminação com DST. 

No Brasil, em torno de 90% das contaminações por HIV são por contato sexual. Cerca de 95% dos brasileiros com mais de 18 anos de idade praticam alguma atividade sexual. Entre estes, cerca de 29% das mulheres e 37% dos homens afirmam usar preservativo em todos os atos sexuais. Todavia, na população sexualmente ativa, 33,9% das mulheres e 54% dos homens também fazem uso regular de bebidas alcoólicas.

Fonte: Google Images


Bioquímica e toxicocinética do álcool


O álcool consumido nas bebidas comercializadas é o etanol, também conhecido como álcool etílico (ou na linguagem cotidiana, simplesmente álcool). Sua fórmula molecular é CH3CH2O

Fórmula estrutural e modelo de esfera e vareta do etanol
Fonte: WikiMedia Commons


O etanol é uma molécula de baixo peso molecular e é altamente hidrossolúvel. Uma vez ingerido, é rapidamente absorvido pelo estômago (cerca de 20% do total) e pelo intestino delgado (cerca de 80%). caso consumido em jejum, os níveis séricos atingem seu pico em 30 minutos.

O cérebro, devido ao grande fluxo sanguíneo na região, rapidamente é atingido pelo etanol - que atravessa com facilidade a barreira hematoencefálica. 90% desse álcool é metabolizado no fígado, enquanto o restante é eliminado pela urina ou pela respiração.


Um adulto saudável pode metabolizar entre 7 e 10 gramas de etanol por hora, que equivale a 300 ml de cerveja, 105 ml de vinho ou 30 ml de destilado de 40% de álcool, aproximadamente. Esse metabolismo acontece por duas vias principais.


A primeira delas envolve a família de enzimas chamada alcool-desidrogenases ( em inglês ADH, ou alcohol dehydrogenase), que convertem o etanol em acetaldeído (ou etanal, de fórmula química CH3CHO). Essas enzimas estão presentes principalmente em células do fígado, mas também podem ser encontradas no cérebro e no estômago.


Fórmula estrutural do acetaldeído 

Fonte: WikiMedia Commons

A outra via envolve o sistema microssômico de oxidação do etanol (do inglês MEOS, microssomal ethanol-oxidizing system), que é ativado no consumo crômico. Como essa via tem como parte integrante o citocromo 450, a depuração de outros fármacos e a produção de subprodutos tóxicos também é aumentada.


O aldeído, por sua vez, é oxidado no fígado pela ação da enzima aldeído-desidrogenase (do inglês, ALDH ou aldehyde dehydrogenase), que produz acetato, metabolizado posteriormente em CO2 e água.



E o que fazer para previnir as DST em relação ao risco provocado pelo álcool?


Uma vez que o padrão do consumo do etanol e o aumento do risco para infecção com DST/Aids ainda é discutido (como o impacto da quantidade e da frequência) é difícil estabelecer políticas  públicas precisas. Entretanto, sabemos que tanto o consumo nocivo de álcool quanto a epidemia de DST/Aids são problemas de saúde pública.

Campanhas socioeducativas tem sido realizadas pelo Ministério da Saúde para elevar a adesão ao uso de preservativos. Uma vez que tanto o consumo de álcool quanto a pratica de sexo sob seu efeito é mais prevalente nos homens que nas mulheres, estes devem ser os alvos prioritários dessas medidas.

Eduardo Barbosa falou ainda sobre a distribuição de preservativos em abientes onde o consumo de álcool é mais frequente e intenso. "Temos uma política de redução de danos. Distribuímos preservativo em bares e boates. Mas chega um momento em que a questão se torna mais individual e não temos como atuar", disse. Fez ainda um alerta: "As pessoas precisam entender que, mesmo em um ambiente de diversão, precisam estar conscientes de que o risco de vulnerabilidade com o álcool é grande, seja para o HIV ou para um acidente de carro".

Então fica o alerta para o consumo responsável de álcool, bem como para evitar as práticas de risco que este estimula.


Por essa semana isso é tudo. Esperamos que mais essa postagem sobre formas diversas de previnir DST/Aids tenha sido proveitosa!

FONTES:

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. Álcool dificulta a prevenção da Aids [sítio eletrônico]. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/noticia/alcool-dificulta-prevencao-da-aids>. Acessado em 31/05/2015.

CARDOSO, Luciana Roberta Donola; MALBERGIER, André; FIGUEIREDO, Tathiana Fernandes Biscuola. O consumo de álcool como fator de risco para a transmissão das DSTs/HIV/Aids. Rev. psiquiatr. clín.,  São Paulo ,  v. 35, supl. 1, p. 70-75,   2008 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832008000700015&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 31/05/2015.

FERREIRA, Vanja Maria Bessa. Álcool, Drogas Ilícitas e Antirretrovirais. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/sites/default/files/Alcool_e_drogas_ilicitas_2004.pdf>. Acessado em 31/05/2015.

HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

KATZUNG, Bertram G.; MASTERS, Susan B.; TREVOR, Anthony J. Farmacologia básica e clínica. 12ª edição. Porto Alegre: AMGH, 2012.

MALBERGIER, André; CARDOSO, Luciana Roberta Donola. Problemas específicos: álcool e HIV/AIDS. In: ANDRADE, AG; ANTHONY, JC; SILVEIRA, CM. Álcool e suas consequências: uma abordagem multiconceitual. Barueri, SP: Minha Editora, 2009. P. 123-138. Disponível em: <http://www.cisa.org.br/UserFiles/File/alcoolesuasconsequencias-pt-cap6.pdf>. Acessado em 31/05/2015.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE). Tabela de Fatos - Álcool [sítio eletrônico]. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs349/en/>. Acessado em 31/05/2015.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE). Tabela de Fatos - Doenças Sexualmente Transmissíveis [sítio eletrônico]. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs110/en/>. Acessado em 31/05/2015.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Os perigos da hepatite B : vacinação é uma das saídas

Conhecendo a Hepatite B


Fonte: Google Imagens
          
          A hepatite B é uma doença causada pelo vírus B(HBV). É uma patologia infecciosa com preferência pelas células hepáticas, os hepatócitos, ou seja hepatite é a inflamação do fígado e devido a importância desse órgão para a homeostase do organismo e haver a possibilidade da transmissão por via sexual, ela se tornou uma doença de grande importância para a saúde pública. 

              Entre as causas de transmissão estão:

  • por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada,

  • transmissão vertical( mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação),


  • ao compartilhar material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings,

  • por transfusão de sangue contaminado.

Como saber se estou infectado?

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          A maioria dos casos de hepatite B são assintomáticos. Mas, os mais frequentes são cansaço, tontura, nauseas/vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção.

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            O diagnóstico da hepatite B é feito por meio de exame de sangue específico. Após o resultado positivo, o médico indicará o tratamento adequado. Além dos medicamentos (quando necessários), indica-se corte no consumo de bebidas alcoólicas pelo período mínimo de seis meses e remédios para aliviar sintomas como vômito e febre.

Tanto tempo, como assim?

            Exato, leitor. A hepatite B apresenta forma aguda e crônica. A aguda é quando a infecção tem curta duração. Já a crônica, é quando a doença dura mais de seis meses. O risco de a doença tornar-se crônica depende da idade na qual ocorre a infecção. As crianças são as mais afetadas. Naquelas com menos de um ano, esse risco chega a 90%; entre 1 e 5 anos, varia entre 20% e 50%. Em adultos, o índice cai para 5% a 10%. Os riscos da hepatite crônico remetem a predisposição a uma cirrose hepática, patologia na qual os tecidos hepáticos são substituídos por tecidos fibróticos comprometendo a função hepática, e o possível desenvolvimento de um tumor, carcinoma, um câncer de fígado.

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Então hepatite pode matar, como faço para me prevenir?

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             Evitar a doença é muito fácil, o uso de camisinha em todas as relações sexuais e o não compartilhamento de objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings formam um leque de medidas práticas.Além disso, a vacina contra a hepatite B faz parte do calendário de vacinação da criança, do adolescente e do adulto e está disponível nas salas de vacina do Sistema Único de Saúde (SUS), que ampliou a oferta da vacina para a faixa etária de 30 a 49 anos. Além disso, todo recém-nascido deve receber a primeira dose logo após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Se a gestante tiver hepatite B, o recém-nascido deverá receber, além da vacina, a imunoglobulina contra a hepatite B, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão de mãe para filho. Caso não tenha sido possível iniciar o esquema vacinal na unidade neonatal, recomenda-se a vacinação na primeira visita à unidade pública de saúde. É necessário :

  • ter até 49 anos, 11 meses e 29 dias,

  • pertencer ao grupo de maior vulnerabilidade (independentemente da idade) - gestantes, trabalhadores da saúde, bombeiros, policiais, manicures, populações indígenas, doadores de sangue, gays, lésbicas, travestis e transexuais, profissionais do sexo, usuários de drogas, portadores de DST.
                   A imunização só é efetiva quando se toma as três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira dose.

Um olhar bioquímico sobre a vacina

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                A vacina hepatite B (recombinante) é constituída de partículas não infecciosas de antígeno de superfície da Hepatite B (HBsAg), ou seja as proteínas presentes na região mais superficial do vírus, altamente purificadas, produzida por DNA recombinante em células de levedura (Saccharomyces cerevisiae), adsorvidas em sais de alumínio como adjuvante e contém timerosal, um derivado de mercúrio, como conservante. 
          HbsAg, é o primeiro marcador da doença, detectável no soro antes do aparecimento dos sintomas, aparece em altos níveis na fase aguda da doença. Se a doença evoluir para cura, seus níveis diminuem em torno de 6 meses. Na forma crônica da doença, permanece por mais de seis meses.

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          Após o desaparecimento do Ag HBs, os anticorpos anti-HBs aparecem no soro, embora haja sempre um período de janela imunológica da infecção entre o desaparecimento do Ag HBs e o aparecimento dos anti-HBs (soroconversão).

Efeitos adversos?

            Os eventos adversos mais comuns são a dor no local da aplicação (3% a 29%) e febre baixa (1% a 6%); são mais freqüentes em adultos que em crianças nas primeiras doses e tendem a desaparecer em 24 a 48 horas.

            Raramente podem ocorrer reações alérgicas. A incidência de anafilaxia é de, aproximadamente, 1/600.000 aplicações.

        Uma revisão da literatura mundial sobre eventos adversos às vacinas recombinantes, desde a sua introdução, concluiu que o número de eventos adversos é muito pequeno comparado ao grande número de vacinados, correspondendo a um para 15.500 doses distribuídas. Os benefícios obtidos com a vacina superam em muito os raros riscos de eventos adversos.

FIQUE ESPERTO, COM HEPATITE B NÃO SE BRINCA!

REFERÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE DST - AIDS - HEPATITES VIRAIS. Governo Federal. Disponível em <http://www.aids.gov.br/pagina/hepatites> Acessado em 22/05/2015.

VACINAS. HEPATITE B. Disponível em <http://www.vacinas.org.br/vacinas05.htm>
Acessado em 22/05/2015.

SANOFIPASTEUR. Bula EUVAX B Monodose - Paciente. Disponível em <http://www.sanofipasteur.com.br/ckfinder/userfiles/files/Bula-Euvax-B-Monodose-Paciente.pdf> Acessado em 22/05/2015.

DRAUZIO VARELLA. Sexialidade. Hepatite B. Disponível em <http://drauziovarella.com.br/sexualidade/hepatite-b/> Acessado em 22/05/2015.

ARTIGO DE REVISÃO ISSN 1677-5090 2010.Revista de Ciências Médicas e Biológicas. Aspectos gerais da hepatite B. Disponível em <http://www.portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/viewFile/5899/4251> Acessado em 22/05/2015.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA.Revista da Associação Médica Brasileira.Vacina contra hepatite B. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302006000500009>
Acessado em 22/05/2015.

























terça-feira, 12 de maio de 2015

A dádiva da imunidade : vacina contra HPV

Afinal de contas, o que é HPV?

    Em 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) lançou uma campanha nacional para imunizar meninas de 11 a 13 anos contra o HPV. O que você pode estar se perguntando ao ter conhecimento que o governo lançou uma campanha a nível nacional para combater o essa "sigla" desconhecida, é justamente do que se trata e dos riscos que esse microrganismo, o papiloma vírus humano, pode causar à saúde pública. Na verdade o HPV (papilomavírus humano), nome genérico de um grupo de vírus que engloba mais de 100 tipos diferentes, é a doença sexualmente transmissíveis mais comum no mundo. Estima-se que cerca de 50% da população adulta sexualmente ativa terá contato com o vírus podendo ou não desenvolver sintomas.


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Como ocorre o contágio? E quais são os sintomas?

       
          A transmissão ocorre principalmente por via sexual, mas existe a possibilidade de transmissão vertical (mãe/feto) e por inoculação. A infecção causada pelo HPV pode ser assintomática ou provocar o aparecimento de verrugas com aspecto de couve-flor na pele e nas mucosas, como a boca. As alterações genitais, quando discretas, são diagnosticadas apenas com exames específicos. Entretanto, em casos mais graves de proliferação das lesões, o vírus pode perder o controle natural do processo de multiplicação, e nesses casos que o HPV se torna um sério problema de saúde pública.


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Como assim, "sério problema de saúde pública"?


      Uma vez perdido o controle natural de multiplicação, o vírus passa a se proliferar rapidamente provocando evoluindo de lesões benignas para lesões malignas, o câncer, e pode atingir áreas como o colo do útero e o pênis.

         "Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), sem considerar o câncer de pele não-melanoma, o de colo do útero é o mais incidente na Região Norte (24 por 100 mil mulheres). No Centro-Oeste (28 por 100 mil) e no Nordeste (18 por 100 mil), ocupa a segunda posição. No Sudeste (15 por 100 mil), o terceiro lugar, e no Sul (14 por 100 mil), o quarto. Enquanto o Amazonas tinha, em 2008, uma taxa de mortalidade de 16,7 casos por 100 mil mulheres, São Paulo registrava 3,13. Os homens também são atingidos pelo HPV: até 40% dos casos de câncer de pênis são causados por esse vírus, cujo contato alcança 80% da população sexualmente ativa."(Globo.com)

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A saída é a prevenção!

              A inclusão do imunobiológico ao calendário do Sistema Único de Saúde (SUS) foi anunciada em julho de 2014. Na época, a previsão era de administrar a vacina em pré-adolescentes de 11 a 13 anos, com dose inicial, a segunda um mês depois e terceira seis meses após a inicial. Entretanto, estudos comprovaram uma melhor administração do tipo estendida, estratégia acatada pelo Governo.


           Foi a primeira vez que a população teve acesso gratuito a uma vacina que protege contra câncer. A meta era vacinar 80% do público-alvo, que na época somava 5,2 milhões de pessoas. O vírus HPV é responsável por 95% dos casos de câncer de colo do útero, apresentando a segunda maior taxa de incidência entre os cânceres que atingem as mulheres, atrás apenas do de mama.


           A vacina, foi disponibilizada em março de 2014 (1ª dose), é a quadrivalente, usada na prevenção contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de câncer. O imunobiológico para prevenção da doença é seguro e tem eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus.


           As três doses serão aplicadas nas pré-adolescentes com autorização dos pais ou responsáveis. A estratégia de imunização será mista, ocorrendo tanto nas unidades de saúde quanto nas escolas públicas e privadas. A incorporação da vacina complementa as demais ações preventivas do câncer de colo do útero, como a realização rotineira do exame preventivo (Papanicolau) e o uso de camisinha em todas as relações sexuais. Em 2015, a faixa etária de vacinação foi ampliada para os 9 a 13 anos.

         A inclusão da vacina no SUS foi possível graças ao acordo de parceria para o desenvolvimento produtivo (PDP), com transferência de tecnologia entre o laboratório internacional Merck Sharp & Dohme (MSD) e o Instituto Butantan, que passará a fabricar o produto no Brasil. A economia estimada na compra da vacina durante o período de transferência de tecnologia é de R$ 154 milhões. Além disso, a produção do imunobiológico contará com investimento de R$ 300 milhões para a construção de uma fábrica de alta tecnologia pelo Instituto Butantan, baseada em engenharia genética.

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A bioquímica da vacina


         As vacinas desenvolvidas contra o HPV foram preparadas seguindo rigorosos critérios para evitar efeitos colaterais, haja vista a faixa etária com que ela é utilizada, sendo elas do tipo bivalente(tipo 16 e tipo 18 do vírus) e quadrivalente(tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus).

         Inicialmente, estudos evidenciaram a parte genética do HPV, o DNA do HPV, com isso os pesquisadores descobriram um local específico do DNA do vírus que é responsável pela produção das cápsula do HPV, ou seja o envoltório formado por proteínas que envolve e protege o código genético do vírus que permite as infecções. Depois disso os cientistas, utilizando o fungo Sacaromices Cerevisiae, a levedura da cerveja, e células de insetos para produzir uma capsula sintética semelhante a do HPV.

         A vacina utilizada na prevenção do HPV é uma vacina recombinante não infecciosa, preparada a partir de partículas tipo vírus (VLPs) altamente purificadas da principal proteína L1( da cápside dos tipos de HPV oncogénicos,16 e 18). Uma vez que as VLPs não contêm DNA viral não podem infectar as células, reproduzir-se ou provocar doença.


     Estudos em animais demonstraram que a eficácia das vacinas VLP L1. Elas são capazes de induzir a formação de anticorpos neutralizantes sistêmicos e de mucosa, além de induzir imunidade celular em animais imunizados, ou seja auxiliam na produção de defesa a curto e a logo prazo por meio de memória imunológica para futuros contatos com os agentes infecciosos. 

      Resumindo...
Fonte: Google Imagens


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Os temidos efeitos colaterais...existem mesmo?

          "Segundo a dra. Vivian Iida Avelino-Silva, médica infectologista do Hospital Sírio-Libanês,“ao analisarmos com cuidado os efeitos adversos relatados, constatamos que nenhum pôde ser atribuído à vacina contra o HPV. Ou seja, trata-se de uma associação ao acaso, uma coincidência que sempre acontece quando um grande número de pessoas recebe uma vacina nova em um curto período de tempo."(Drauzio Varella - Website)
         “Não há até o momento nenhum estudo que tenha associado de maneira inequívoca a vacina de HPV a algum evento adverso grave. Como todo e qualquer produto imunobiológico (vacinas, medicamentos, etc.), é claro que  eventualmente pode-se observar efeitos adversos. Após esses anos todos de uso da vacina, os dados de segurança obtidos pelos sistemas de vigilância dos países que a introduziram nos seus programas mostram que a vacina contra HPV é segura, com a ocorrência de eventos adversos, na sua maioria leves, como dor no local da aplicação, inchaço e eritema. Em raros casos, ela pode ocasionar dor de cabeça, febre de 38ºC ou síncope (desmaios)”, afirma o pediatra dr. Marco Sáfadi."(Drauzio Varella - Website)
      Como podemos perceber especialista da area asseguram uma vacinação sem grandes riscos a saúde, depende a cada um fazer a sua parte e evitar que esse mal provoque mais danos a nossa população. Vamos nos vacinar, vamos nos proteger!!!

Para mais informações sobre a vacinação contra o HPV, visite:

REFERÊNCIAS:

HPV Online. Sobre. Vacinae e Prevencao do HPV. Disponível em <http://www.hpvonline.com.br/sobre-hpv/vacina-prevencao/hpv-e-vacina/> Acessado em 12/05/2015.

Drauzio Varella. Mulher. Segurança da vacina contra o HPV. Disponível em <http://drauziovarella.com.br/mulher-2/a-seguranca-da-vacina-contra-hpv/> Acessado em 12/05/2015.

Expressão da Proteína L1 do Capsídio de HPV-16 em Leveduras Metilotróficas. Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS - 2008.

Ministério da Saúde. HPV. Disponível em <http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/hpv/> Acessado em 12/05/015.

Instituto Nacional do Câncer.HPV e câncer. Disponível em <http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=2687> Acessado em 12/05/2015.

Assistência Multidisciplinar em Saúde.Ministério da Saúde amplia faixa etária da vacina contra HPV. Disponível em <https://ams.petrobras.com.br/portal/ams/beneficiario/ministerio-da-saude-amplia-faixa-etaria-da-vacina-contra-hpv.htm> Acessado em 12/05/2015.









            
           





terça-feira, 5 de maio de 2015

Sífilis

Vamos recapitular os assuntos que discutimos até hoje no nosso blog.  Iniciamos apresentando as principais doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e suas relações com a bioquímica. Depois, foram três semanas abordando sobre os preservativos ( masculino de látex, antialérgico e feminino). 

Essa semana iremos atentar para uma das principais  DSTs: a Sífilis.

O agente causador da Sífilis.

A  sífilis  é  causada  por  uma  bactéria chamada Treponema pallidum, gênero Treponema, da família dos Treponemataceae. O  T.  pallidum tem  forma de  espiral  (10  a  20 voltas), com cerca de 5-20 μ m de comprimento e apenas 0,1 a 0,2 μ m de espessura. Não possui membrana celular e é protegido por um envelope externo com três camadas  ricas  em  moléculas  de  ácido  N-acetil murâmico e N-acetil glucosamina. 


FIGURA DE DESENHO ESQUEMÁTICO DE TREPONEMA PALLIDUM

FONTE: Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle (2006, P. 113)


O  T.  pallidum não  é  cultivável, pois  é destruído pelo calor e falta de umidade, não resistindo  muito  tempo  fora  do  seu ambiente   e  é  patógeno exclusivo do ser humano.



Como ocorre a transmissão?

A  sífilis  é  doença  transmitida  pela  via sexual (sífilis  adquirida) por meio da penetração do  treponema  por pequenas abrasões  decorrentes  da  relação  sexual  e verticalmente (sífilis congênita) pela placenta da mãe para o feto. O contato com as lesões contagiantes (cancro  duro  e lesões secundárias) pelos órgãos genitais é responsável por 95% dos casos de sífilis. Outras formas de transmissão mais raras e com menor interesse epidemiológico são por via indireta (objetos contaminados,  tatuagem) e  por  transfusão sanguínea.

Quais são os sinais e sintomas ?

Os primeiros sintomas da doença são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas virilhas (ínguas), que surgem entre a 7 e 20 dias após o sexo desprotegido com alguém infectado. A ferida e as ínguas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Mesmo sem tratamento, essas feridas podem desaparecer sem deixar cicatriz. Mas a pessoa continua doente e a doença se desenvolve. Ao alcançar um certo estágio, podem surgir manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e queda dos cabelos.
FONTE: Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle (2006, P. 114)
Após algum tempo, que varia de pessoa para pessoa, as manchas também desaparecem, dando a ideia de melhora. A doença pode ficar sem apresentar sintomas por meses ou anos, até o momento em que surgem complicações graves como cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos, podendo, inclusive, levar à morte.
FONTE: Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle (2006, P. 114)


Como é feito o diagnostico?

Quando não há evidencia de sinais e ou sintomas, é necessário fazer um teste laboratorial ou teste rápido. Esta nova tecnologia se caracteriza pela execução, leitura e interpretação dos resultados feitos em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. Além disso, para a leitura dos seus resultados não é necessário o uso de algum equipamento específico, podendo ser feita a olho nu. 

Como é feito o tratamento?

Embora a doenca possa evoluir com gravidade, tratamento é simples, feito pelo uso de  penicilina, que age interferindo na síntese do peptidoglicano, componente da parede celular do T. pallidum. O resultado é entrada de água no treponema, o que acaba por destruí-lo. A  peniclina age em todos os estágios da sífilis. A sensibilidade do treponema à droga, a rapidez da resposta com regressão  das lesões primárias  e  secundárias com apenas uma dose são vantagens que permanecem até hoje. A penicilina continua como droga de escolha, e até o momento  não  foram  documentados casos  de resistência. 
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E como prevenir a sífilis?

A prevenção é feita basicamente pelo uso rotineiro do preservativo masculino ou feminino, mesmo nos relacionamentos ditos estáveis e após tratamento de eventuais DSTs. Outra forma de prevenção é aconselhar e testar para sífilis as mulheres e os homens em idade reprodutiva. 

A prevenção vertical, que evita a transmissão da doença da mãe para seu bebê durante a gestação, pode ser feita pelo aconselhamento e teste para a sífilis(com o consentimento do paciente) para as mulheres que manifestam intenção de engravidar.

Espero que tenham gostada do tema!!!

REFERÊNCIAS:


BOTTINO, G.; AVELLEIRA, JOÃO C. R. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Associação Brasileira de Dermatologia. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/abd/v81n2/v81n02a02.pdf>  Acesso em: 5 maio 2015.
BRASIL. Departamento de DST, AIDS e hepatites virais. Disponível em <http://www.aids.gov.br/pagina/sifilis> Acesso em: 5 maio 2015.
 LORENZI, Dino R. S.; FIAMINGHI, Luciane C.; ARTICO, Graziela R. Transmissão vertical da sífilis: prevenção, diagnóstico e tratamento. Revista FEMINA, São Paulo-SP v.37, n. 2, p. 83-90, dez. 2009. Disponível em <http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Feminav37n2p83-90.pdf> Acesso em : 05 maio 2015.