terça-feira, 5 de maio de 2015

Sífilis

Vamos recapitular os assuntos que discutimos até hoje no nosso blog.  Iniciamos apresentando as principais doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e suas relações com a bioquímica. Depois, foram três semanas abordando sobre os preservativos ( masculino de látex, antialérgico e feminino). 

Essa semana iremos atentar para uma das principais  DSTs: a Sífilis.

O agente causador da Sífilis.

A  sífilis  é  causada  por  uma  bactéria chamada Treponema pallidum, gênero Treponema, da família dos Treponemataceae. O  T.  pallidum tem  forma de  espiral  (10  a  20 voltas), com cerca de 5-20 μ m de comprimento e apenas 0,1 a 0,2 μ m de espessura. Não possui membrana celular e é protegido por um envelope externo com três camadas  ricas  em  moléculas  de  ácido  N-acetil murâmico e N-acetil glucosamina. 


FIGURA DE DESENHO ESQUEMÁTICO DE TREPONEMA PALLIDUM

FONTE: Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle (2006, P. 113)


O  T.  pallidum não  é  cultivável, pois  é destruído pelo calor e falta de umidade, não resistindo  muito  tempo  fora  do  seu ambiente   e  é  patógeno exclusivo do ser humano.



Como ocorre a transmissão?

A  sífilis  é  doença  transmitida  pela  via sexual (sífilis  adquirida) por meio da penetração do  treponema  por pequenas abrasões  decorrentes  da  relação  sexual  e verticalmente (sífilis congênita) pela placenta da mãe para o feto. O contato com as lesões contagiantes (cancro  duro  e lesões secundárias) pelos órgãos genitais é responsável por 95% dos casos de sífilis. Outras formas de transmissão mais raras e com menor interesse epidemiológico são por via indireta (objetos contaminados,  tatuagem) e  por  transfusão sanguínea.

Quais são os sinais e sintomas ?

Os primeiros sintomas da doença são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas virilhas (ínguas), que surgem entre a 7 e 20 dias após o sexo desprotegido com alguém infectado. A ferida e as ínguas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Mesmo sem tratamento, essas feridas podem desaparecer sem deixar cicatriz. Mas a pessoa continua doente e a doença se desenvolve. Ao alcançar um certo estágio, podem surgir manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e queda dos cabelos.
FONTE: Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle (2006, P. 114)
Após algum tempo, que varia de pessoa para pessoa, as manchas também desaparecem, dando a ideia de melhora. A doença pode ficar sem apresentar sintomas por meses ou anos, até o momento em que surgem complicações graves como cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos, podendo, inclusive, levar à morte.
FONTE: Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle (2006, P. 114)


Como é feito o diagnostico?

Quando não há evidencia de sinais e ou sintomas, é necessário fazer um teste laboratorial ou teste rápido. Esta nova tecnologia se caracteriza pela execução, leitura e interpretação dos resultados feitos em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. Além disso, para a leitura dos seus resultados não é necessário o uso de algum equipamento específico, podendo ser feita a olho nu. 

Como é feito o tratamento?

Embora a doenca possa evoluir com gravidade, tratamento é simples, feito pelo uso de  penicilina, que age interferindo na síntese do peptidoglicano, componente da parede celular do T. pallidum. O resultado é entrada de água no treponema, o que acaba por destruí-lo. A  peniclina age em todos os estágios da sífilis. A sensibilidade do treponema à droga, a rapidez da resposta com regressão  das lesões primárias  e  secundárias com apenas uma dose são vantagens que permanecem até hoje. A penicilina continua como droga de escolha, e até o momento  não  foram  documentados casos  de resistência. 
FONTE: Google imagens

E como prevenir a sífilis?

A prevenção é feita basicamente pelo uso rotineiro do preservativo masculino ou feminino, mesmo nos relacionamentos ditos estáveis e após tratamento de eventuais DSTs. Outra forma de prevenção é aconselhar e testar para sífilis as mulheres e os homens em idade reprodutiva. 

A prevenção vertical, que evita a transmissão da doença da mãe para seu bebê durante a gestação, pode ser feita pelo aconselhamento e teste para a sífilis(com o consentimento do paciente) para as mulheres que manifestam intenção de engravidar.

Espero que tenham gostada do tema!!!

REFERÊNCIAS:


BOTTINO, G.; AVELLEIRA, JOÃO C. R. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Associação Brasileira de Dermatologia. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/abd/v81n2/v81n02a02.pdf>  Acesso em: 5 maio 2015.
BRASIL. Departamento de DST, AIDS e hepatites virais. Disponível em <http://www.aids.gov.br/pagina/sifilis> Acesso em: 5 maio 2015.
 LORENZI, Dino R. S.; FIAMINGHI, Luciane C.; ARTICO, Graziela R. Transmissão vertical da sífilis: prevenção, diagnóstico e tratamento. Revista FEMINA, São Paulo-SP v.37, n. 2, p. 83-90, dez. 2009. Disponível em <http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Feminav37n2p83-90.pdf> Acesso em : 05 maio 2015.

5 comentários:

  1. GRUPO L
    Muito importante abordar a sífilis como tema principal de um post, pois esta doença infecciosa e sistêmica, de evolução crônica e abrangência mundial que se confunde com a história da sociedade moderna tendo caráter secular ainda é muito presente na atualidade. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorrem 340 milhões de casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) no mundo por ano, entre as quais 12 milhões são de sífilis. Na postagem ficou bem explicito o quadro clinico clássico da doença, mas um dos aspectos que vale a pena ser ressaltado é a como é realizado o diagnostico dessa patologia. Na ausência de manifestações clínicas, é feito por exames sorológicos. Para o screening são utilizados os métodos não treponêmicos que utilizam antígenos não derivados do agente causal e atualmente o mais utilizado é o Veneral Disease Research Laboratory (VDRL). O VDRL é um teste não treponêmico que apresenta alta sensibilidade e baixa especificidade. A sensibilidade do VDRL é de 70% na sífilis primária, 99% na secundária e latente com até um ano de duração e pode alcançar uma positividade de 100%, pois estas fases cursam com valores mais altos de titulação no exame quantitativo. Apresenta ainda rápida negativação em resposta ao tratamento, sendo o ideal para o rastreamento e controle da cura da sífilis.Para a confirmação do diagnóstico utilizam-se os testes treponêmicos, como o Fluorescent treponemal antibody absorption (FTA-Abs), o Microhemagglutination assay for Treponema pallidum (MHA-TP), o Treponema pallidum Hemaglutination (TPHA), o Enzime-linked Immunosorbent Assay (ELISA) e o teste rápido Determine TP. Estes exames tornam-se positivos antes dos testes não treponêmicos, tendem a manterem-se positivos por toda a vida e não devem ser utilizados em controle de cura.O TPHA é o teste mais utilizado para a confirmação de diagnóstico de sífilis apresenta um menor custo em relação ao FTA-Abs e possui alta sensibilidade e especificidade para o T.pallidum.
    REFERÊNCIA:
    MAGALHÃES, Daniela Mendes dos Santos. Inês Aparecida Laudares Kawaguchi, Adriano Dias, Iracema de Mattos Paranhos Calderon. A sífilis na gestação e sua influência na morbimortalidade materno-infantil. Com. Ciências Saúde - 22 Sup 1: S43-S54, 2011. Programa de Pós-graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia da Faculdade de Medicina de Botucatu. Botucatu-SP, Brasil

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  2. como sempre, ótima postagem, pessoal! Devemos discutir mais essa doença que possui tratamento tão simples, mas de difícil reconhecimento por parte do portador já que possui períodos assintomáticos. O que pouca gente sabe também é que a sífilis pode causar lesões hepáticas! São casos raros, mas a lesão hepática na sífilis foi reconhecida há mais de 400 anos. O mecanismo patogênico subjacente à doença hepática sifilítica é desconhecido, mas propuseram-se várias hipóteses para o explicar, desde a inoculação direta do agente etiológico no sistema venoso portal (associado a um período de bacteriemia que ocorre na fase secundária da doença) à lesão do hepatócito mediada por imunocomplexos, a qual é, na maioria das vezes, assintomática. A hepatite sifilítica franca caracteriza-se por níveis séricos elevados de fosfatase alcalina, acompanhando-se de um aumento moderado das aminotransferases e ainda por um aspeto histológico inespecífico, que inclui inflamação moderada. Mas como dito por vocês, o Treponema pallidum continua sensível à penicilina e não existem, até ao momento, relatos de qualquer resistência, assim, a hepatite sifílica pode ser curada. Apesar de ter hoje um peso clínico muito inferior ao que já teve no passado, a sífilis assume-se como uma doença re-emergente, associando-se particularmente à infeção pelo vírus da imunodeficiência humana, tornando a postagem de vocês super importante nos dias de hoje! Ah, sobre a hepatite sifílica, há vários relatos de casos clínicos super interessantes na net, vale a pena dar uma conferida (;

    Aguardando a próxima!

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  3. Grupo J
    Ótima Postagem!
    Sífilis, ou lues, é uma doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode também ser transmitida verticalmente, da mãe para o feto, por transfusão de sangue ou por contato direto com sangue contaminado. Se não for tratada precocemente, pode comprometer vários órgãos como olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso.
    O período de incubação, em média, é de três semanas, mas pode variar de 10 a 90 dias.
    A enfermidade se manifesta em três estágios diferentes: sífilis primária, secundária e terciária. Nos dois primeiros, os sintomas são mais evidentes e o risco de transmissão é maior. Depois, há um período praticamente assintomático, em que a bactéria fica latente no organismo, mas a doença retorna com agressividade acompanhada de complicações graves, causando cegueira, paralisia, doença cardíaca, transtornos mentais e até a morte.
    Sintomas
    1) sífilis primária – pequenas feridas nos órgãos genitais (cancro duro) que desaparecem espontaneamente e não deixam cicatrizes; gânglios aumentados e ínguas na região das virilhas;
    2) sífilis secundária – manchas vermelhas na pele, na mucosa da boca, nas palmas das mãos e plantas dos pés; febre; dor de cabeça; mal-estar; inapetência; linfonodos espalhados pelo corpo, manifestações que também podem regredir sem tratamento, embora a doença continue ativa no organismo;
    3) sífilis terciária – comprometimento do sistema nervoso central, do sistema cardiovascular com inflamação da aorta, lesões na pele e nos ossos.
    A sífilis congênita pode causar má formação do feto, aborto espontâneo e morte fetal. na maioria das vezes, porém, os seguintes sintomas aparecem nos primeiros meses de vida: pneumonia, feridas no corpo, alterações nos ossos e no desenvolvimento mental e cegueira.
    Referências: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/sintomas-transmissao-e-prevencao-sifilis
    http://www.news-medical.net/health/Syphilis-Prevention-(Portuguese).aspx

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  4. Ótima postagem! A prevenção de DST não está apenas no conhecimento dos preservativos, mas também no conhecimento dos males causados por elas. O principal medicamento usado para o tratamento de sífilis pelos usuários da atenção básica é a penicilina benzatina, já citado na postagem. A portaria nº 3161 do Ministério da Saúde estabelece que esse medicamento pode ser aplicado por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, além de médicos e farmacêuticos. Esse composto é resultado da combinação de duas moléculas de penicilina com uma NN dibenziletilenodiamina. Apresenta baixa solubilidade, o que proporciona uma liberação lenta a partir do local de administração. Isso promove baixos níveis séricos, porém prolongados. Distribui-se amplamente pelo corpo, sendo nos rins as maiores concentrações e, menores, no fígado, intestino e pele; os outros tecidos recebem também, mas em menor grau. Uma reclamação comum é a dor na hora da administração e nos dias seguintes, sendo a diluição de um anestésico junto ao antibiótico recomendado.

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  5. Realmente uma ótima postagem. Vocês conseguiram abordar este tema de diversos ângulos o que com certeza conta na hora de entender o que realmente acontece. Sobre a sífilis sempre é bom ressaltar que a melhor forma de prevenção é o conhecimento e seria bom se o conhecimento aqui reunido pudesse chegar a várias pessoas. Torço pra que o sífilis tenha a devida repercussão que merece e deixe de ser uma doença negligenciada, tanto é que sequer existe uma política pública sobre este tema normalmente ele está encaixado nas doenças sexualmente transmissíveis e mesmo assim pouco relevante. Espero mais postagens tão boas quanto esta, até mais.

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